segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Desfile da Mangueira tem calhambeque de Roberto Carlos e até 'bonde do funk'

Última escola a desfilar no carnaval 2010 do Rio de Janeiro, a Mangueira levou a diversidade da música brasileira para o Sambódromo num desfile luxuoso e animado. A escola levou um calhambeque de Roberto Carlos e até um "bonde do funk" para a avenida. A bateria surpreendeu com ritmistas "presos", numa crítica à censura, e paradinhas com o refrão sendo cantado em coro.

Um incidente marcou o início da passagem da verde e rosa pela Marquês de Sapucaí. Um tripé que acompanhava a comissão de frente pegou fogo. As chamas foram logo controladas pelos bombeiros.


A comissão de frente homenageava Heitor Villa-Lobos. Os bailarinos representaram o maestro e passearam pelos ritmos do Brasil com passos de dança de salão, axé, funk e diversos outros.

A escola consumiu 1 hora e 21 minutos em seu desfile, que teve oito alegorias, o maior número do carnaval do Rio. Passaram pela avenida 37 alas e 4 mil foliões no desfile da Estação Primeira com o samba-enredo "Mangueira é música do Brasil".

O abre-alas fez poesia no nome: “Nossos barracos são castelos”. A alegoria lembrou o berço da escola, o morro, e o surgimento dos bambas do samba. O carro fez uma homenagem a Jamelão, intérprete da verde e rosa que morreu em 2007.


Clássicos da Bossa Nova como “Chega de Saudade” e “Samba do Avião” foram representados em fantasias e alas. Esse gênero musical, aliás, foi tema do segundo setor da Mangueira. Ladeado por dois violões, uma grande escultura de Vinícius de Morais repousava no meio do carro. Nomes da bossa nova desfilaram no carro, que tinha também as famosas ondas do calçadão do Rio de Janeiro.


A escola continuou a viagem musical passando pela Jovem Guarda, tema do terceiro carro alegórico. Um grande calhambeque verde e rosa dirigido por uma escultura de Roberto Carlos desfilou pelo Sambódromo e lembrou um dos maiores sucessos do cantor.

Nas alas, homenagens a clássicos do iê iê iê: “Banho de Lua”, “Estúpido Cupido” e “Negro Gato”.

Vestidos como presidiários, os ritmistas da bateria fizeram uma crítica à censura que vigorou no regime militar. A bateria impressionou com paradinhas bem marcadas que levaram o refrão a ser cantado num coro bonito. Outro ponto alto da passagem dos ritmistas foi o uso de grades que acompanhavam e "prendiam" os músicos.

A alegoria seguinte levou um "monstro da censura" e chamou a atenção. Numa das mãos, uma gaiola se balançava com o transformista Rogéria. Fantasiados, os foliões lembraram músicas vistas com maus olhos pela censura na época como “A Banda”, “Arrastão”, “Alegria, Alegria”.

Depois da música engajada, a Mangueira reviveu a Tropicália e o rock dos anos 80. Em seguida, passaram pela avenida malucos beleza, miquinhos amestrados e mamonas assassinas.

Ritmos regionais não foram esquecidos. Sertanejo, baião, frevo e toada foram representados em alas. No penúltimo carro alegórico, o "Brasil musical" mostrou o amplo território da música brasileira. No chão, fantasias remetiam a ritmos de influência africana como Olodum, Timbalada, e do Nordeste, como o manguebeat.

A Mangueira coroou seu desfile com o mais carioca dos ritmos: o funk. Um "bonde" tomou a Sapucaí com grandes caixas de som e uma gaiola com popozudas.


G1



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