Ao usar seu enredo para fazer uma retrospectiva dos melhores momentos da história da Sapucaí, a Grande Rio carimbou sua passagem pelo Sambódromo como um dos pontos altos deste carnaval. A escola fez um desfile de 1 hora e 21 minutos marcado pela criatividade e não teve medo de homenagear outras escolas, suas concorrentes, nem de lembrar momentos tristes do carnaval como o incêndio num carro alegórico, em 1992.
A Grande Rio também lembrou diversos personagens e elementos do carnaval: o público, os camarotes, os garis, os sambistas e os carnavalescos. A escola se destacou com alegorias inusitadas, como um grande camarote e um lixão com ratos e esgotos , uma bateria em homenagem aos garis e por um time de celebridades entre seus foliões.
A comissão de frente mostrou dois dos maiores símbolos do carnaval, a mulata e o malandro. Bailarinos vestidos de malandros executaram a coreografia no chão enquanto um time de mulatas vinha em cima de um tripé. Mas o detalhe: dentre as mulatas, apenas uma era “verdadeira”. As outras eram estátuas. O “truque” foi revelado quando a verdadeira desceu do tripé para sambar com os malandros.
O maior homenageado da Grande Rio foi o carnavalesco Joãosinho Trinta. As reverências ao artista começaram com a ala das baianas. Vestidas como “damas do lixo”, elas lembraram o uso que o carnavalesco fazia do lixo. Elas foram seguidas por uma ala representando os mendigos que o carnavalesco levou para encerrar o desfile da Beija-Flor em 1989.
A terceira alegoria, intitulada “A genialidade de Joãosinho Trinta”, colocou o carnavalesco no trono, sobre um monte de lixo. Na base, esculturas de ratos gigantes se movimentavam e foliões fantasiados de roedores saiam de túneis de esgoto iluminados por luzes vermelhas. Em cima da montanha de dejetos que Trinta soube transformar em arte em seus desfiles, um urubu batia as asas na Sapucaí.
A bateria foi um dos pontos altos do desfile. À frente dos ritmistas fantasiados como garis, a rainha Paola Oliveira fez um belo espetáculo. Com os ritmistas agachados, a bateria fez paradinhas em sequência enquanto a rainha sambava e caminhava por entre os “garis”. A bateria também fez uma evolução sem o samba-enredo, que chamou a atenção.
O quarto carro alegórico levou uma “fábrica dos sonhos” à avenida, celebrando a Cidade do Samba. Foliões giravam engenhocas parecidas com rodas-gigantes em verde neon ao lado de um Cristo Redentor coberto de lona. “Mesmo proibido, não deixei de brilhar”, dizia uma faixa colada à escultura.
O "astronauta" norte-americano Eric Scott, que faria voos durante o desfile, sofreu queimaduras depois que o dispositivo que o fez voar estourou. Ele e o assistente foram atendidos pelo Corpo de Bombeiros.
O desfile começou com uma mistura de pierrôs, colombinas, negas malucas e baianinhas revivendo os carnavais antigos, numa homenagem à Praça 11. Em seguida, a ala “Protagonistas do espetáculo” gerou um efeito bonito com foliãs vestidas de porta-bandeiras, cada uma empunhando o estandarte de uma escola e girando em sincronia.
A ala “Mecenas do samba” homenageou Castor de Andrade, bicheiro famoso e patrono da Mocidade Independente, que ajudou a fundar a Liga das Escolas de Samba do rio.
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G1
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